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Agora parece que as aulas começaram a ficar um pouquinho mais interessantes… Desde que as aulas de Acting começaram na Theatre of Arts, tenho reclamado constantemente porque o professor foge com bastante freqüência dos assuntos principais e temas que deveriam ser dados em aula, para contar sobre a sua vida privada.

Tudo bem que a vida dele pode ser muito interessante, principalmente porque ele é um ‘ator que trabalha’ (working actor), membro das três Uniões de Atores dos Estados Unidos (SAG, AFTRA, Equity Union) e tem várias audições por dia. É legal, é divertido, mas podemos muito bem sair para um tomar um café qualquer dia desses e ouvir seus desabafos e dificuldades no mundo artístico. Não estou querendo dar uma de nerd, nem de aluna pentelha e egoísta, porque não sou. O fato é.

Bom, hoje, depois de ouvir todo o diário-falado do professor, ele simplesmente começou a filosofar sobre Michael Chekhov e sua técnica de Gesto Psicológico. E como eu adoro essa matéria, comecei a fazer minhas anotações, super empolgada.

Para leigos em Interpretação, o Gesto Psicológico consiste em expressar um gesto amplo, repleto de energia e uma clara manifestação da persona a ser interpretada, de forma que este gesto rememore absolutamente tudo o que você necessita para a vivência do personagem.

Anotar, anotar, anotar. O professor então, para de falar, olha pra mim, dá um sorrisinho de canto de lábio, aperta os olhos até quase fechá-los, e dá pra sentir que vários pensamentos vem com suas expressões. De repente.

Ele diz: – “Wayra, suba no palco, e sem preparar nada, faça seu Monólogo da Trash Laura Brown, aquele da audição mesmo. Se concentre e comece.”

Eu levemente surpreendida respondo: ‘Oi? (enquanto presenciamos um longo período de silêncio acompanhado por confusos, mas perversos cumprimentos de olhares). Posso então, caminhar pelo espaço, só para eu me familiarizar? Dois minutinhos, por favor!’

Ok. Pronta. Respiro fundo. Me jogo.

Feedbacks: Vocês observaram algum Gesto Psicológico durante o Monólogo da Wayra? E se vocês fossem Diretores de Casting, para que papel/personagem a contratariam?

Sean: “Eu a vejo como uma Mulher Amazônica (?), extremamente bonita e exótica, com uma força incrível e misteriosa, a ponto de ficar com um pouco de medo por não saber até onde ela pode chegar.” – Que profundo!

Kim: “Eu a contrataria para fazer a peça ‘Damn Yankees’, no papel de Lola”. (foto)

Robert: “Eu acho que ela daria uma ótima atriz de novelas e seriados”.

Professor Rob: Medéia, Electra… Atrizes gregas com uma expansão de presença maior do que ela imagina. Personagens muito fortes, sedutoras, expressivas.  

Nunca imaginei nenhum destes feedbacks. Isso sim foi interessante.

QUEM FOI QUE DISSE QUE PARA TEATRO NÃO IMPORTA O PERFIL?